domingo, 24 de fevereiro de 2008

No armário...

Um armário cheio de compartimentos onde são ministradas as situações de alegria, tristeza, desespero, companhia, solidão, saudade, insegurança, medo, uma para cada sensação. São tantas caixinhas para guardar tantas informações. Caixinhas que precisam ser esvaziadas de vez em quando; algumas estão fechadas há bastante tempo, outras ficam abertas constantemente. Na porta do armário vou colocar uma placa “PERIGO”, e na porta do quarto, “NÃO PERTURBE”.





*** No último dia 22, sexta-feira, dois grandes homens nos deram adeus. Rubens de Falco (76), ator que interpretou Leôncio na novela “Escrava Isaura”, de 1976, sofreu uma parada cardíaca provocada por uma embolia; ele ainda se recuperava de problemas decorrentes de um derrame há dois anos. Já Oswaldo Louzada (95) deixa sua imagem fixada em nossos pensamentos como o eterno Leopoldo – o avô que era maltratado pela neta, personagem de Regiane Alves - em “Mulheres Apaixonadas”, de 2003. ***




P.S.: Hoje, domingo, dia 24, tem a cerimônia de entrega do Oscar 2008! A Rede Globo irá transmitir após o Big Brother Brasil, previsto para 23:15. No canal pago TNT, a partir das 21h, podemos conferir o TNT ACADEMY AWARDS PRE SHOW com entrevistas e glamour dos presentes no tapete vermelho. Às 22:30, começa a entrega das estatuetas. Não percam!



Juízo!
Um beijo!

domingo, 3 de fevereiro de 2008

"Ele tinha tudo, menos limite."


Depois de tanta propaganda – da TV e dos amigos – fui ao cinema ver "Meu nome não é Johnny". Assumo que, concordando com a grande maioria, gostei do filme, o que não faz com que eu esqueça os pensamentos de reprovação em alguns aspectos...
O cinema brasileiro está caminhando com elegância: bons roteiros, artistas, diretores, fotografia. Chego a imaginar, num futuro que eu espero seja breve, o dia em que os nossos filmes farão tão sucesso lá quanto os deles fazem aqui. Nosso potencial é dos melhores, só precisamos – e, cá entre nós, nós temos! – das pessoas certas para transformá-lo em cinético, sonoro e visual. (Quem diria, eu usando meu pouco conhecimento sobre física.) Ah, claro, precisamos, também, de mais investimentos, ou melhor, de gerenciá-los corretamente...
Contudo, ainda me questiono qual é a imagem que passaríamos ao mundo com nossos filmes. A temática sempre gira em torno de sexo – com variações de mulheres nuas a prostituição escancarada -, violência – da prisão ao seqüestro do magnata – e drogas – do traficante que mata quem não paga ao viciado que faz de tudo para conseguir mais. Por que apelar para uma dessas vertentes – isso quando não nos deparamos com aqueles que juntam as três no mesmo – se a história já é suficiente para conquistar o público? Por que não acreditar que não somos só "o país do carnaval, do futebol e da capirinha"? Afinal, só tem isso no nosso território? Eu, você, o vizinho: traficantes, nus, jogadores de futebol? Ou eu, você, o vizinho: cidadãos que não suportam a banalização da "cultura" brasileira por acharmos que ela não é tão simples como mostram? Prefiro acreditar que tanto você, quanto o vizinho, acham o segundo aposto mais fiel à realidade.
Bom, esse discurso todo tem uma razão. Como eu disse no começo, assisti ao filme baseado no livro homônimo do jornalista Guilherme Fiúza. E tudo começou, na verdade, porque senti três emoções distintas. Compaixão. Raiva. Felicidade.






Para quem não tem idéia, ainda, do que se trata, "Meu nome não é Johnny" conta a história de João Guilherme Estrella – interpretado, brilhantemente, por Selton Mello - , garoto de classe média do Rio de Janeiro que conheceu o mundo das drogas com um baseado, ou melhor, com a maconha. Em pouco tempo foi apresentado a ela: a tal da cocaína. Festa aqui, festa acolá, o jovem precisou de uma quantidade maior a fim de suprir a demanda pelas drogas; era a porta para iniciar o tráfico. Nesse tempo, conhece Sofia (Cléo Pires) e ambos, apaixonados, passam a viver juntos do dinheiro das drogas. A quantidade de substância química nas mãos de João Guilherme não parou de crescer; a intensidade de suas festas, também. Começa a vender com um esquema de fachada, uma loja de peixes - que, me permitem a piada, bem “piradinhos” – com a droga em seu interior. Não demora muito, ele leva seu pó e a namorada para a Europa. O esquema era forte e ele poderia ter ficado milionário, mas preferiu gastar tudo regando a vida com viagens, festas e mais drogas. Quando estava planejando a segunda ida à Europa, para onde levaria aproximadamente 6kg de cocaína, a polícia entrou no apartamento em que a droga estava e pegou João Guilherme e dois amigos. Os três foram presos, em 1995, e esperaram o julgamento assim. A juíza (Cássia Kiss), embora fosse a mais linha dura da época, acatou o pedido do advogado de João, considerando o réu portador de problemas mentais e o encaminhando para o hospital psiquiátrico carcerário onde terminou de cumprir sua pena. Por dois anos, João Guilherme Estrella, o Johnny, um dos maiores traficantes de drogas do Rio de Janeiro sem nunca ter pisado numa favela, ficou preso.
O filme, então, acaba com uma breve “prestação de contas” à sociedade sobre a atual situação de João: ele, que é produtor de executivo de shows e eventos e empresário, lançará seu primeiro disco solo como cantor e compositor.
Ah, voltando às minhas emoções distintas após o filme...
A recuperação de Estrella é um daqueles episódios em que a gente volta a acreditar no potencial do ser humano. Ele conheceu o fundo do poço e soube dar a volta por cima... É uma injeção de esperança: qualquer um pode, sim, abandonar o tráfico.
Mas, e como foi passado nas telas? Em determinados momentos, mesmo sabendo que ele era um traficante, o sentimento de compaixão foi intenso, “afinal, ele é homem, também erra, poxa”. Isso sem contar a revolta – independente de quando se sabe que é o retrato da realidade – em ver como aqueles que devem nos proteger, a polícia, pode ser corruptível. Serve também como uma injeção de desânimo: precisamos mudar bastante, mas onde começamos?
No mais, o filme “Meu nome é Johnny” é muito bom. Um daqueles que a gente deve indicar aos amigos...



* Ficha técnica:
Inspirado no livro “Meu nome não é Johnny”, de Guilherme Fiúza
Uma Produção: Atitude Produções
Produção: Mariza Leão
Direção: Mauro Lima
Roteiro: Mauro Lima e Mariza Leão Produtor Associado: Guel Arraes
Produtora Executiva: Mariza Leão
Produtora Delegada: Camila Medina
Figurinos: Reka Koves
Direção de Arte: Claudio Amaral Peixoto
Trilha sonora: Fabio Mondego, Fael Mondego, Marco Tommaso
Montagem: Marcelo Moraes
Fotografia: Uli Burtin
Co-produção: Sony Pictures Home Entertainment, Globo Filmes, Teleimage, Apema
Site Oficial: http://www.blogger.com/www.meunomenaoejohnnyfilme.com.br


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“O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos (...)” Marguerite Yourcenar

Juízo.

Beijos!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Sobre arte...

Tela, pincel, tinta. Papel, canetinha, lápis de cor. Computador, mouse, paint. Atalhos como lápis, pincel, spray, preencher com cor. O avanço na tecnologia faz com que a arte evolua. Os artistas, também.
O começo do século XX foi marcado por invenções que deixaram o homem da época perplexo, entre elas, a presença da máquina no cotidiano. Como era de se esperar, essas transformações representaram mudanças na arte, também.




(1) Os artistas, que aderiram ao Expressionismo, tentavam traduzir em linhas e cores as emoções humanas. A tendência consistia em deformar a realidade. Eles o faziam fugindo às tradicionais regras de equilíbrio da composição, de harmonia das cores e de regularidade da forma.






(2)Já os fauvistas - pintores do Fauvismo -, que não representavam a realidade tal como ela é e sim a sugeriam, não eram tão radicais. Seguiam dois princípios: o de simplificação das formas das figuras e o emprego de cores puras, sem misturá-las ou matizá-las.





(3 e 4) O Cubismo se dava pela representação de todas as partes do objeto no mesmo plano, deixando de lado a busca da perspectiva e das três dimensões – característica que os renascentistas tanto tentavam imprimir em suas pinturas. O estilo se dividiu em duas vertentes: cubismos analítico e sintético.
O primeiro consistia em apresentar todos os lados de um tema simultaneamente, usando para isso poucas cores - preto, cinza e alguns tons de marrom e ocre. Extremistas, a fragmentação da figura era tão intensa que impossibilitava o reconhecimento da mesma.
O segundo foi uma forma de tornar reconhecíveis as figuras. Entretanto, essa recuperação da imagem real parou por aí, não significou retratar a realidade do tema. Introduziram-se letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e outros – o que também o concedeu o nome de Colagem – no intuito de criar efeitos plásticos e, assim, ultrapassar as sensações visuais oferecidas pela pintura.







(5, 6 e 7) Os artistas que perpetuaram o Abstracionismo não imprimiam qualquer relação imediata entre suas cores e formas e as cores e formas de um ser, o que excluía a representação da realidade – cenas histórias, literárias, mitológicas ou religiosas. A pintura abstracionista foi divida em dois segmentos, o geométrico e o informal. No primeiro, cores e formas eram organizadas para que a composição final fosse somente a expressão de um conceito geométrico. No segundo a criação de formas e cores era livre, pois seguiam os sentimentos e as emoções. O abstracionismo gerou, posteriormente, o Construtivismo. As obras eram denominadas “construções” ao invés do tradicional “esculturas” e usavam o metal como matéria prima.


(8) O estilo que ficou conhecido como Futurismo nada mais era que uma exaltação do futuro, da velocidade; não o corpo tendo velocidade, mas a velocidade em si, o movimento. Para isso, linhas retas, curvas e cores que sugeriam a rapidez.



A produção artística não deveria ter vínculo algum com os pensamentos racionais, então sendo um resultado de uma psique automática. Os elementos selecionados e combinados ao acaso serviam como crítica aos valores tradicionais, agora responsáveis pelo caos instalado na Europa durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Assim era o Dadaísmo.



(9 e 10) A arte perpetuada por Salvador Dali, o Surrealismo, era a manifestação do subconsciente. Nas obras, a ausência de preocupação estética, razão e moral era intensa. Muitas vezes, a realidade era retratada de maneira excessivamente realista, mas somada a elementos inexistentes, gerava um conjunto irreal. O que as deixavam num patamar parecido com alucinações e sonhos.













Afinal, o que faz um quadro desses ser considerado ARTE? Que critérios são usados para tal? Toda vez que assisto ao filme “O sorriso de Mona Lisa” – com a Julia Roberts e a Kirsten Dunst, respectivamente Katharine Watson e Betty Warren – penso nisso... Talvez seja a cena em que a professora Watson mostra um desenho de uma vaquinha e fala que alguém o considerou arte. Betty, a aluna que implica com tudo e todos, pergunta quem fez e quem considerou; ao tomar conhecimento que o desenho era da professora para sua mãe, a aluna diz que não era a “pessoa certa” para dizer se a pintura era arte ou não. Watson questiona quem são as tais “pessoas certas” que têm o poder de caracterizar uma imagem como arte. Muito ironicamente, outra aluna responde “Betty Warren! Que bom termos uma por aqui!”. Essa cena nunca me fez pensar tanto nesse assunto de arte, mas outro dia enquanto olhava uns desenhos fiquei matutando a respeito...
De acordo com o Dicionário de Língua Portuguesa da Editora Larousse, Arte é “
habilidade, talento, perícia para uma atividade” e, ainda, “caráter, produção, expressão ou concepção do que é belo”. Na verdade, assim como a mãe da personagem do filme que considerou um desenho de uma vaquinha uma obra de arte, tudo pode ser arte... Depende exclusivamente da nossa vontade...


Sendo assim, eu proponho um leilão para vender os quatro quadros abaixo. Ainda não sei de quanto será o lance mínimo, que que vocês acham?

























































E então, já posso marcar o dia do leilão? Hehehehe... Ah, ai daquele que ousar falar que eu só estou promovendo o leilão porque o artista que fez as três obras é o meu irmão - e a última é minha mesmo. Hehehehe... Ora, um pouco de confiança não faz mal a ninguém!

Juízo, povo!
Um beijo!



As imagens 1-10 foram retiradas do livro História da Arte de Graça Proença, pela Editora Ática.
1) O grito (1893) - Munch – p. 152
2) Natureza Morta com Peixes Vermelhos (1911) - Matisse – p. 154
3) O poeta (1911) - Picasso – p. 155
4) Mulher com violão (1908) - Braque – p. 155
5) Batalha (1910) – Kandinsky – p. 159
6) Árvore Vermelha (1909-1910) – Mondrian – p. 161
7) Construção Linear – Gabo – p. 160
8) Formas Únicas de Continuidade do Espaço (concebida em 1913 e fundida em 1931) - Umberto Boccioni - p. 164
9) Mae West (1934-1936) – Dali – p. 166
10)Noitada Esnobe da Princesa - Miró – p. 167

As imagens 11-14 foram feitas no computador mesmo.
11) GTA – 2007 – Marcelo Henrique C. K.
12) Motocicleta de Polícia – 2007 – Marcelo Henrique C. K.
13) T-rex – 2008 – Marcelo Henrique C. K.
14) A menina no campo – 2008 – Cibele C. K.